Novas descobertas de estudos, em larga escala, com mais de 3,6 milhões de pessoas submetidas a rastreio de doenças cardiovasculares, revelam que a idade e o gênero de uma pessoa afetam a prevalência de certos tipos de doenças vasculares periféricas (PVD) e que o diabetes é um fator de risco importante para o desenvolvimento destas doenças, mesmo em pacientes sem doença cardíaca.
À medida que a população dos Estados Unidos envelhece, mais pessoas estão desenvolvendo PVD, uma condição comum que afeta os vasos sanguíneos. Até agora, poucas pesquisas conseguiram identificar exatamente quais populações correm maior risco de PVD, o que pode levar a ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e até mesmo à amputação dos membros.
Os estudos, liderados por pesquisadores do NYU Langone Medical Center, foram apresentados durante a 65ª Sessão Científica Anual do Colégio Americano de Cardiologia.
“Essas descobertas apontam para diferenças muito importantes entre mulheres e homens, e entre indivíduos mais velhos e mais jovens, quando se trata de PVD. Além disso, os pesquisadores descobriram que o diabetes é um forte fator de risco para o desenvolvimento de PVD, o que pode ser um achado significativo para os médicos que tratam pacientes com diabetes”, afirma o cirurgião vascular Ulisses Ubaldo.
O PVD é um distúrbio de circulação que afeta vasos sanguíneos fora do coração e do cérebro, particularmente as veias. Os cientistas já estabeleceram a existência de uma relação complexa entre idade e sexo no bloqueio das artérias ao redor do coração, conhecida como doença arterial coronariana, mas os papéis do gênero e da idade no PVD não estavam claros até agora.
Examinando três tipos específicos de PVD
Os pesquisadores da NYU Langone usaram dados coletados de mais de 3,6 milhões de indivíduos selecionados pela Life Line Screening, um provedor de exames de saúde. Eles se concentraram em três tipos diferentes de PVD: doença arterial nas extremidades inferiores, chamada de doença arterial periférica; estenose da artéria carótida, que é o bloqueio nas artérias carótidas, vasos sanguíneos principais no pescoço, que fornecem sangue ao cérebro, pescoço e face; e aneurisma da aorta abdominal, que é o aumento da aorta inferior, principal vaso sanguíneo que fornece sangue ao corpo. Eles também procuraram diferenças na prevalência das doenças com base no gênero e na idade de uma pessoa, e a chance de desenvolver PVD nas pessoas com doença cardíaca coronária, diabetes ou ambas.
“Os pesquisadores descobriram que as mulheres têm uma prevalência significativamente maior de doença arterial periférica, enquanto os homens apresentam maior prevalência de estenose da artéria carótida e uma prevalência dramaticamente maior de aneurismas da aorta abdominal”, diz o médico.
A maior prevalência de doença arterial periférica, descobriram os pesquisadores, foi mais dramática em mulheres mais jovens do que em homens mais jovens em comparação com mulheres mais velhas e homens mais velhos. Da mesma forma, a maior prevalência de estenose da artéria carótida, observada em homens, foi mais dramática em homens mais velhos do que em mulheres mais velhas. Para os aneurismas da aorta abdominal, a prevalência da doença foi semelhante em todas as faixas etárias.
“Essas descobertas sugerem que as doenças vasculares não são todas iguais e que homens e mulheres têm uma predisposição diferente para um tipo de doença em relação a outra. Diretrizes específicas de sexo para PVD são importantes, e estamos começando a perceber que mulheres e homens precisam ser abordados de maneira diferente”, destaca Ulisses Ubaldo.
Usando dados para determinar links entre PVD e diabetes
Os pesquisadores da NYU Langone usaram o mesmo conjunto de dados da Life Line Screening para analisar as chances de desenvolver PVD para pessoas com diabetes, doença cardíaca ou ambas. Já estava bem documentado em estudos anteriores que o diabetes é um forte fator de risco para doença cardíaca. A comunidade médica, no entanto, não sabia se as pessoas com diabetes teriam um risco semelhante às pessoas com doença cardíaca para doença arterial periférica ou estenose da artéria carótida.
“Os pesquisadores descobriram que as pessoas diagnosticadas com diabetes, mas sem doença cardíaca conhecida, correm um alto risco de desenvolver doença vascular periférica nas extremidades inferiores ou na artéria carótida. Além disso, para pessoas com diabetes e doença cardíaca coronária, existe um risco exponencial de desenvolver PVD, o que significa que o risco de desenvolver PVD aumenta mais do que com qualquer das condições isoladas”, diz o cirurgião vascular.
Essas descobertas destacam a necessidade de os médicos pensarem sobre PVD em pessoas com diabetes, mesmo que não tenham doença cardíaca conhecida.
Estudos futuros precisam investigar se o diagnóstico de doenças vasculares nas extremidades inferiores e na artéria carótida melhora a saúde e previne eventos adversos em diabéticos. Sabemos que, se o paciente tiver estenose da artéria carótida, apresenta maior risco de acidente vascular cerebral e se ele tiver uma doença arterial nas extremidades inferiores, estará em maior risco de comprometimento significativo em suas atividades diárias, como andar, e até mesmo um risco de amputação. Isso é algo que os médicos precisam ter em mente quando atendem um paciente diabético.
Os pesquisadores da NYU Langone advertem que os achados podem não representar fielmente a prevalência de PVD em homens e mulheres ou o risco da doença em pessoas com diabetes. Os achados, dizem os pesquisadores, precisam ser confirmados com um grande estudo prospectivo que acompanhe os pacientes durante um longo período de tempo.
“O que esses estudos mostram, sem sobra de dúvidas, é o poder de grandes conjuntos de dados para fornecer informações sobre a prevalência e os fatores de risco para doenças cardiovasculares”, destaca o médico.