Suplementos de testosterona dobram chances dos homens desenvolverem coágulos sanguíneos

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A suplementação com testosterona parece dobrar o risco de um homem formar um coágulo sanguíneo potencialmente fatal, alerta um novo estudo. Segundo os pesquisadores, os homens têm o dobro do risco de desenvolver um coágulo sanguíneo nas veias profundas se estiverem fazendo a suplementação de  testosterona, durante os seis meses anteriores, relataram os autores na edição on-line do JAMA Internal Medicine.

O aumento do risco ocorreu tanto quando o homem tinha ou não a condição de baixa testosterona conhecida como hipogonadismo, mas parece ser mais pronunciado em homens de meia idade do que em idosos, mostraram os resultados.

“As descobertas devem fazer com que os homens pensem duas vezes antes de se submeterem a tratamentos de suplementação de testosterona para combater os sintomas normais do envelhecimento”, defende o autor principal, Rob Walker, assistente de pesquisa de graduação da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, em Minneapolis.

“Na prática, o estudo recomenda ao paciente que  esteja buscando uma suplementação de testosterona para algum tipo de sintoma comum do envelhecimento, como ganho de peso ou função sexual, que ele procure implementar mudanças comportamentais ou de estilo de vida para melhorar a sua saúde”, afirma o cirurgião vascular, Dr. Ulisses Ubaldo.

A “moda” de fazer a suplementação com testoterona fez com que as prescrições da substância disparassem no início do século 21, aumentando mais de 300%, entre 2001 e 2013, disseram os autores do estudo em notas de fundo. A “moda” só desapareceu em 2014, depois que a  Food and Drug Administration (FDA) alertou que a terapia com testosterona aumenta o risco de um homem ter um ataque cardíaco e um derrame.

Ainda assim, mais de 1 milhão de homens norte-americanos, com mais de 30 anos, fizeram terapia de suplementação de testosterona, em 2016, observaram os pesquisadores. As evidências sugerem que a substância ainda está sendo prescrita para homens que não sofrem de hipogonadismo, uma condição na qual o corpo não produz hormônio masculino de maneira suficiente.

O risco da testoterona

Para investigar o risco do tratamento com testosterona,  os pesquisadores analisaram as fichas médicas de  quase 40.000 homens, entre 2011 e 2017. Eles  se concentraram em homens que sofreram trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. A embolia pulmonar ocorre quando um coágulo venoso profundo se desprende dos membros e viaja para os pulmões, bloqueando parte ou todo o suprimento sanguíneo.

“Homens sem uma condição de baixa testosterona que tomaram o hormônio tiveram um risco maior de 2,3 vezes de desenvolver um coágulo venoso profundo, em seis meses, mostraram os resultados. Já os homens diagnosticados com hipogonadismo tiveram um risco maior de 2 vezes”, afirma Ulisses Ubaldo.

Os resultados também indicaram que o risco pode ser ainda maior em homens de meia idade que fazem a suplementação de testosterona para combater o envelhecimento, embora esses achados não sejam estatisticamente significativos.

Os homens sem hipogonadismo, com menos de 65 anos, quase triplicaram o risco de desenvolver o coágulo de sangue em relação aos homens com 65 anos ou mais, cujo risco era apenas cerca de 1,5 vezes maior.

“A testosterona representa esse risco porque acelera a consistência dos fatores de coagulação no sangue. O hormônio aumenta a contagem de glóbulos vermelhos, o que engrossa o sangue e o faz fluir mais lentamente. A testosterona também aumenta a ação das plaquetas, as células sanguíneas responsáveis ​​pela formação de coágulos’, explica o cirurgião vascular.

O estudo sugere que seria mais seguro evitar o uso de testosterona em pacientes que não têm hipogonadismo. Além disso,  os homens que precisam fazer a suplementação com a substância, devido à doença, devem ser monitorados de perto quanto à formação de coágulos sanguíneos.