3 razões pelas quais os fumantes correm maior risco de amputações

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A maioria dos fumantes sabe que os cigarros podem danificar seus pulmões, mas, com muita frequência, eles não têm ideia de que fumar também faz mal aos vasos sanguíneos.

Para muitos fumantes, o primeiro contato com a má circulação  é quando um cirurgião vascular os diagnostica com doença arterial obstrutiva periférica (DAOP). “A doença começa levemente sem nenhum sintoma ou com dores nas pernas ao caminhar. Se o paciente insistir nos hábitos inadequados, sem alterar o estilo de vida, como fumar, por exemplo, a DAOP pode levar à úlceras, gangrena e à amputação”, afirma o cirurgião vascular, Dr. Ulisses Ubaldo.

A seguir, listamos as razões pelas quais a fumaça do cigarro danifica os vasos sanguíneos:

  • A nicotina é um estimulante, que acelera o coração em cerca de 20 batimentos por minuto com cada cigarro. O aumento da pressão arterial é um vasoconstritor, o que significa que torna as artérias de todo o corpo menores. Isso torna mais difícil para o coração bombear sangue através das artérias contraídas e faz com que o corpo libere suas reservas de gordura e colesterol no sangue;
  • Fumar acelera o processo de endurecimento e estreitamento das artérias. Artérias rígidas e estreitas são comuns em pessoas idosas, mas em fumantes, esse processo inicia-se mais cedo, efetivamente envelhecendo as artérias previamente;
  • Aumenta o “colesterol ruim” (lipoproteína de baixa densidade) e diminui o “colesterol bom” (alta densidade).

Parar de fumar

“Fazer com que os pacientes parem de fumar é provavelmente a coisa mais importante que podemos fazer, como médicos. A maioria dos pacientes vasculares pensa em desistir de fumar, quando se depara com uma doença vascular, mas pelo menos um terço não empreende este esforço e se recusa a acreditar nos prognósticos futuros”, afirma Ulisses Ubaldo.

Pacientes com DAOP em estágio inicial têm outras opções de tratamento além da cirurgia. Mas quando a doença progride, os fumantes podem ter menos opções terapêuticas. Pesquisas recentes mostraram que os fumantes têm muito mais complicações cirúrgicas e muitos cirurgiões relutam em operá-los, a menos que seja uma emergência. A cessação do tabagismo é recomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular  e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Embora a DAOP possa afetar qualquer pessoa, um estudo recente descobriu que, de 1.272 pacientes com DAOP, 90% eram fumantes atuais ou ex-fumantes. “A fumaça do cigarro contém numerosos produtos químicos que são prejudiciais, mas a nicotina talvez tenha os efeitos negativos mais poderosos nas artérias do corpo”, destaca o cirurgião vascular.

A DAOP pode ser grave e ameaçadora aos membros, mas a boa notícia é que é uma doença de desenvolvimento lento. Muitos pacientes podem evitar os piores efeitos, alterando o estilo de vida. Além de pedir que parem de fumar, o cirurgião vascular os aconselhará a perder peso, caminhar regularmente ou participar de um programa de terapia com exercícios supervisionados, além de controlar o açúcar no sangue, se tiverem diabetes. Os pacientes também podem ser medicados para melhorar a circulação sanguínea.

“Aqueles cuja DAOP está progredindo podem ser candidatos a um procedimento endovascular ou a uma cirurgia aberta para restaurar o fluxo sanguíneo nas pernas e pés. Se os pacientes com DAOP não procuram tratamento ou não seguem as recomendações médicas, a doença tem maior chance de  levar a uma isquemia crônica e grave”, explica o cirurgião vascular Ulisses Ubaldo.