Uma nova pesquisa mostrou que as crenças e expectativas das pessoas em relação às úlceras do pé diabético têm um efeito independente significativo em sua sobrevivência.
O estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade de Nottingham, que se propuseram a expandir uma pesquisa anterior, que, associou a depressão a resultados clínicos mais pobres em pacientes com úlcera diabética.
O trabalho foi realizado ao longo de cinco anos, durante os quais 169 pacientes foram entrevistados sobre as úlceras do pé diabético. As descobertas do estudo, publicadas na revista PLOS ONE, podem melhorar a compreensão do risco de mortalidade e também podem auxiliar os profissionais de saúde a oferecer, no futuro, um melhor tratamento para melhorar a sobrevivência desses pacientes.
“As pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 são suscetíveis às úlceras nas pernas e nos pés devido aos danos nos nervos e ao estreitamento das artérias nos pés e nas pernas. Pequenas lesões nos pés podem não ser curadas e se transformarem em úlceras que podem se tornar infectadas e difíceis de tratar, às vezes, levando à amputação do membro e até à morte”, explica o cirurgião vascular Ulisses Ubaldo.
O objetivo dos autores do estudo era testar a hipótese de que a expectativa de vida de pessoas com úlceras de pé diabético é mais curta em pacientes com crenças negativas sobre seus sintomas e atitudes ao cuidar de seus pés.
Os dados, como o tipo de diabetes, o controle de glicose, o número de úlceras anteriores, o tamanho e a localização dos níveis de úlcera e infecção foram coletados na linha de base. Os pacientes completaram um questionário sobre suas crenças a respeito da doença e seus níveis de depressão. Todos os pacientes receberam os mesmos conselhos sobre os cuidados com os pés e o mesmo tratamento para as úlceras nos pés. Mais informações sobre sobrevivência e mortalidade foram coletadas nos pacientes em 2011, entre 4 e 9 anos depois de terem sido recrutados para o estudo.
Os pesquisadores descobriram que dos 160 pacientes para os quais haviam dados sobre mortalidade, 104 estavam vivos e 56 haviam morrido. Os pacientes tinham uma idade média de 61 anos e a maioria tinha diabetes tipo 2. A maioria dos pacientes tinha uma úlcera anterior e em um terço do coorte, a úlcera índice foi infectada no início do estudo. Os dados psicológicos revelaram níveis médios baixos de depressão.
A análise examinou se as crenças dos pacientes sobre sua úlcera prediziam a sobrevivência, depois de levar em conta os efeitos da depressão e outros fatores clínicos que podem ser esperados para influenciar a mortalidade. “Os pesquisadores descobriram que, embora a depressão não fosse um preditor significativo, os pacientes que acreditavam que as úlceras estavam associadas com sintomas piores da doença morreram mais rapidamente. Esses pacientes também acreditavam que suas úlceras teriam consequências mais graves para eles, acreditavam que elas durariam por muito tempo, as consideravam fatores de angústia e acreditavam que tinham pouco controle sobre elas. Este conjunto de crenças parece ter sido comum em pessoas que morreram mais rapidamente neste estudo”, diz o cirurgião vascular.
Embora este estudo seja limitado pelo o número de participantes e pelo design observacional, os achados sugerem que as crenças negativas sobre a própria doença, juntamente com outros fatores clínicos, podem influenciar a sobrevida em pessoas com úlceras de pé diabético.