Um novo estudo, publicado on-line, na revista Rheumatology demonstra que há um risco estatisticamente maior de tromboembolismo venoso (TEV) – uma condição que inclui trombose venosa profunda e embolia pulmonar – entre usuários de drogas anti-inflamatórias não esteroides ( AINEs). Este achado tem implicações importantes para a saúde pública, dada a prevalência do uso de AINES na população em geral.
“Os AINEs são os medicamentos mais utilizados em todo o mundo, e seus potenciais efeitos adversos são bem conhecidos. No entanto, os dados epidemiológicos sobre o risco de TEV, entre os usuários de AINEs, eram limitados. Neste novo estudo, uma equipe de pesquisadores realizou uma revisão sistemática e uma meta-análise de estudos observacionais que compararam o risco de TEV em usuários de AINEs versus não-usuários”, afirma o cirurgião vascular Ulisses Mathias.
Foram incluídos na análise seis estudos com 21.401 eventos de TEV, o que demonstrou um aumento do risco de TVP estatisticamente maior entre os indivíduos que usaram AINEs, com um risco global maior de 1,80 vezes em comparação com os indivíduos que não fizeram uso de AINEs.
O principal autor do estudo, Patompong Ungprasert, destaca: “esta é a primeira revisão sistemática de estudos observacionais publicados que avaliam o risco de TEV entre os usuários de AINEs. Contudo, existem algumas limitações, como o fato de que não avaliamos todos os AINEs. Nem todos os AINEs individualmente podem aumentar o risco de TEV”.
Os resultados mostram um risco de TEV estatisticamente maior entre os usuários de AINEs. Por que os AINEs podem aumentar o risco de TEV não está claro. Possivelmente, isso está relacionado à inibição da COX-2, levando ao desequilíbrio da tromboxano-prostaciclina. “Os médicos devem estar cientes dessa associação e os AINEs devem ser prescritos com cautela, especialmente para pacientes que já apresentam maior risco de TEV”, observa Ulisses Ubaldo.