O prognóstico para pessoas com úlceras do pé diabético infectadas é pior do que se pensava anteriormente, de acordo com uma nova pesquisa. Mais de metade dos pacientes da pesquisa não viu sua úlcera cicatrizar ao longo de um ano – e um em cada sete teve que ter parte ou todo o pé amputado.
As úlceras no pé são feridas abertas e afetam cerca de um quarto dos 3,3 milhões de pessoas no Reino Unido vivendo com diabetes. As feridas se desenvolvem porque o diabetes danifica os nervos e os vasos sanguíneos nos pés.
“Essas feridas são crônicas, lentas para curar e propensas à infecção. Essa é uma infecção que normalmente leva a algumas consequências graves, como a perda de um membro ou amputações múltiplas”, explica o cirurgião vascular Ulisses Ubaldo.
A pesquisa, liderada pelo professor Andrea Nelson, na Universidade de Leeds, teve como objetivo examinar os resultados das úlceras do pé diabético infectadas. Os resultados sublinham a necessidade de monitorar de perto as pessoas com risco de desenvolver úlceras no pé.
“Não só as úlceras causam deficiências para as pessoas, como também provocam grandes implicações financeiras para os sistemas de saúde. O Instituto Nacional de Saúde e Excelência de Cuidados estima o custo anual do tratamento de feridas do pé diabético em £ 650 milhões”, informa o cirurgião vascular.
A Universidade de Leeds está na vanguarda da pesquisa sobre prevenção e tratamento de úlceras para os pés diabéticos, bem como feridas na pele e feridas de pressão em geral, um problema que afeta pessoas com má circulação, obesidade ou mobilidade limitada – problemas que irão crescer à medida que a sociedade envelhece.
Este último estudo foi publicado na revista Diabetic Medicine.
Os pesquisadores rastrearam 299 pessoas que frequentaram uma clínica de diabetes com uma úlcera de pé infectada, uma amostra suficientemente grande para que ela seja representativa de todo o Reino Unido. Os pacientes foram acompanhados por mais de um ano.
Nesse período, uma em cada sete pessoas (17,4%) teve parte ou todo o pé amputado. Entre os outros, menos da metade (45,5%) viram sua úlcera ser curada. Os pesquisadores dizem que os resultados são piores do que se pensava anteriormente – uma conclusão baseada em uma análise estatística mais precisa da escala do problema.
“As úlceras nos pés são uma condição muito desagradável. São dolorosas e são debilitantes. As pessoas com úlceras nos pés têm mobilidade limitada e isso traz consigo um conjunto de outros fatores de risco – obesidade e doenças cardíacas, por exemplo. O ponto-chave é que as pessoas precisam ser vistas rapidamente por um especialista se uma úlcera começar a se formar – o que dá aos profissionais de saúde a maior chance de tentar tratar a condição”, destaca Ubaldo.