Um estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC) mostrou que o ácido 9-cis retinoico (alitretinoina) pode prevenir significativamente o linfedema pós-cirúrgico. Além disso, os experimentos foram realizados com modelos de ratos facilmente reprodutíveis que simulavam mais precisamente o desenvolvimento do linfedema em seres humanos. O estudo do National Institutes of Health foi publicado nos Annals of Surgery.
O linfedema ocorre quando os gânglios linfáticos danificados são incapazes de drenar adequadamente, causando inchaço e acumulação de líquidos nos tecidos. O linfedema afeta 140 milhões de indivíduos em todo o mundo, incluindo 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, cujo linfedema está relacionado à linfadenectomia relacionada ao câncer. À medida que o progresso cirúrgico continua a aumentar, as taxas de sobrevivência do câncer e a prevalência do linfedema deverão aumentar também. E sem uma cura conhecida para o linfedema pós-cirúrgico, a disfunção dos linfonodos pode impactar negativamente, a longo prazo, a qualidade de vida dos pacientes.
“Fisicamente, o linfedema é incomodo e inconveniente. Alguns pacientes expressam sua frustração em coisas comuns, como vestir-se. E para muitos deles, a extremidade inchada e deformada é um lembrete indesejável do câncer, contra o qual eles lutaram ou ainda estão lutando”, afirma o cirurgião vascular Ulisses Ubaldo.
Para examinar o efeito da alitretoinina, a equipe de pesquisa induziu o linfedema fazendo uma pequena incisão nas patas traseiras de camundongos, ao invés de realizar o procedimento na cauda, como era o habitual. Este modelo atualizado melhorou a disfunção dos linfonodos simulados em seres humanos em que as caudas de roedores não estão sujeitas aos efeitos da gravidade na mesma extensão que os braços e as pernas humanos. E, mais simplesmente, os humanos não têm uma cauda.
“Desenvolver um modelo mais efetivo para a pesquisa do linfedema é a maior conquista da pesquisa, que ilustra os benefícios potenciais do ácido retinóico. A equipe de pesquisadores ilustrou os potenciais benefícios da alitretinoina na prevenção do linfedema”, destaca Ubaldo.
Depois que as incisões nas patas traseiras foram reparadas, os ratos foram divididos em dois grupos. Um grupo recebeu injeções diárias de ácido 9-cis retinoico, enquanto o outro recebeu uma solução de controle. Os ratos tratados com o ácido retinoico experimentaram menos edema e significativamente menos linfedema de pata em comparação com o grupo controle. Além disso, os camundongos tratados com o ácido retinoico apresentaram drenagem linfática muito mais rápida e aumento da densidade dos vasos linfáticos.
“A drenagem linfática e a manutenção da integridade dos vasos linfáticos são dois fatores importantes na prevenção do linfedema. A capacidade do ácido 9-cis retinoico para atingir ambos faz com que esta seja uma opção de tratamento promissora”, observa o cirurgião vascular.
A alitretinoina já foi aprovada pela Food and Drug Administration para o tratamento de lesões cutâneas do sarcoma e do eczema de Kaposi relacionados à síndrome de imunodeficiência adquirida. Se estudos adicionais se revelarem frutíferos, os pesquisadores esperam estabelecer um ensaio clínico para a alitretinoina como medida preventiva contra o linfedema.
Atualmente, os médicos observam e aguardam o surgimento do linfedema, mas segundo o estudo sugere, o tratamento, no momento da cirurgia, pode ser mais efetivo.